segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando a luz enlaça a rama / Pela relva cintilante.

MOTE:

Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Jessé Costa:
  
A rolinha sai do abrigo
E o caçador vai atrás
A vaca morta se jaz
E a coral volta ao jazigo
O preá mostra o umbigo
E um bem-te-vi cantante
Quer fazer frente possante
Galo que o dia aclama 
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Kerlle de Magalhães:

Os pardais sobre a cascata
Voando pelas campinas
Atravessam as colinas
Cantando no meio da mata
E um açude da cor de prata
Na paisagem delirante
A natura segue avante
Na invenção que Deus proclama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Cícero Moraes:

Esconde-se o bacurau,
Vaga-lume e a acauã
Salta pra longe uma rã,
Ouve-se ali pica-pau,
Borboletas no quintal
Num bailado interessante
Um beija-flor bem brilhante
Beijando a flor que ele ama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Jessé Costa:

A rolinha sai do abrigo
Caçador tá bem atrás
A vaca morta se jaz
E a coral volta ao jazigo
O preá mostra o umbigo
E um bem-te-vi cantante
Quer fazer frente ao possante
Galo que o dia aclama 
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Kerlle de Magalhães:

Um cortejo de besouros
Envolve as pedras soltas
Entocadas quando envoltas
Retidas como tesouros
E com alguns sabiás louros
Compondo um cantar infante
Passa um vento viajante
Nas folhas fazendo trama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Cícero Moraes:

Abelhas em seu bailar
Viajam pelo vergel
Procurando o doce mel
Para a colméia inflar
Não saem sob luar
Nem com a lua brilhante
Pois, com o sol escaldante
Perfume da flor lhe chama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Jessé Costa:

O açude se transforma
De um preto ofuscado
Prum azul meio espelhado
Refletindo toda forma
O guará não se conforma
Olhando de lá distante
O puleiro insinuante
“ – eita fome da disgrama!”
quando a luz enlaça a rama
pela relva cintilante.

Kerlle de Magalhães:

Joaninha desliza lenta
Entre os galhos da folhagem
Quando o grilo na serragem
Das canelas movimenta
Umas notas e se senta
Toca as talas galopantes
E a toada delirante
Nas campinas tem-se fama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

Jessé Costa:

S’á Maria se levanta
Dá um cutucão em Zé
Vai coar o seu café
E re-esquentar a janta
Zé se benze frente à Santa
Dá um beijo em sua amante
Enche o bucho, segue a diante
Na labuta se derrama
Quando a luz enlaça a rama
Pela relva cintilante.

4 comentários:

  1. Ave que é uma satisfação supra-orgástica aparecer no seu blog, poeta malassombrado dos quintos da poesia!

    ResponderExcluir
  2. Tá vendo, quando o poeta fala já sai metrificado e dando mote mais ainda:

    "Poeta malassombrado
    Dos quintos da poesia"

    gotei tanto do mote que não me aguentei e fiz uma estrofe:

    Eu tento "(ser) tão poeta"
    Quanto inspira o meu sertão,
    Mas me perco em minha meta
    Pois é muita inspiração...
    O que me falta eu entero
    Com os versos que enumero
    Nos livros, nas 'canturia',
    Nesse blog arretado
    Poeta malassombrado
    Dos quintos da poesia!

    abraçs poetas..

    ResponderExcluir
  3. No sertão em que perdura
    Belos versos de Chudu
    Que prevalece a cultura
    De Louro do Pajeú
    Dos vates desse celeiro
    Conheço Dedé Monteiro
    Um estro que tem valia
    Competente e respeitado
    Poeta malassombrado
    Dos quintos da poesia!!!

    Eita poetas da gota serena só tem feras parabéns a tudin!!! Carlos Aires

    ResponderExcluir