quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Felipe Júnior

O PESO DA SAUDADE


No tempo da juventude
Quis seguir meus ideais...
Deixei o lar dos meus pais
Tomei na vida atitude.
Mas depois vi que não pude
Satisfazer o meu peito,
Pois percebi o defeito
Na prisão dessa verdade,
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Voei pra fora do ninho
Ao perceber minha “asa”,
Mas deixar a minha casa
Não foi o melhor caminho.
Eu me sinto um passarinho
Num canto escuro e estreito,
Sendo o principal suspeito
De querer a liberdade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Não sinto mais o sabor
Da comida sobre a mesa,
Pois mãe com toda certeza
Temperava com amor.
Nem mesmo o meu cobertor
Está cobrindo direito,
Não tiro dele o proveito
Da antiga comodidade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

O meu pai que foi meu mano
Dos meus momentos felizes,
Estará nas “cicatrizes”
No decorrer desse ano.
Ele que apoiou meu plano,
Puramente por respeito,
Mas sei que dentro do peito
Não era a sua vontade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Desfaço e faço a bagagem
E fico nesse dilema
Pra resolver o problema,
Mas eu não tenho coragem.
Um sentimento selvagem
Toma conta e eu não rejeito,
Pois eu sei que o sonho é feito
Com essa dualidade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Pensei que os primeiros dias
Eu podia superar,
Mas vi o tempo passar
Desviando as alegrias.
Nas noites das agonias
Ponho o travesseiro ao peito,
Mesmo não sentindo efeito
Da familiaridade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Esperem que logo mais
Voltarei pro meu regaço
E aí sim, refaço o laço
Da união junto a meus pais.
E serão tempos reais
De um filho pródigo, imperfeito,
Que seguiu o seu conceito
Vivendo em simplicidade.
Nunca pensei que a saudade
Doesse assim desse jeito.

Felipe Júnior
Patos, 26 de agosto de 2010

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