terça-feira, 16 de agosto de 2011

SOU

Sou a parte que não sei
Sou o surreal da arte
Sou a parte a qual faltei
Sou a parte em toda parte
Que se parte em pedacinhos
Sou vários pequenininhos
Sou até o que sobrou
E o que digo andando a esmo?
Se o que vejo de mim mesmo
É tal parte que não sou.

Kerlle de Magalhães

Um comentário:

  1. Kerlle, caro amigo, lendo esse seu poema lembrei de um soneto que fiz:

    Com o peito ferido de saudade
    Dividi minha dor com a solidão,
    E o pecado durante a divisão
    Foi de mim ter perdido uma metade.

    Hoje busco, mendigo a caridade
    De um alguém que me faça a doação,
    Pois se o afago é dado ao coração,
    Só quem dá é quem ganha de verdade.

    São meus passos que formam meu caminho
    Mas meus rastros me mostram: "estou sozinho!"
    E tal busca parece não ter fim.

    De repente, a certeza me invade:
    Sou inteiro, pois sou outra metade
    Da metade do outro que há em mim.

    (Júnior Guedes)

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