quinta-feira, 5 de maio de 2011

FALTAM DEZ PRA MEIO DIA (Kerlle de Magalhães)

“Vi-te uma vez... mas mesmo assim, te trago
Em minha fidelíssima memória.
Que há de guardar por sua eterna glória
O teu perfil resplandecente e mago.”

Emygdio de Miranda

Faltam dez pra meio-dia.
Á moça que me informou as horas.

Pela rua vinha andando
Já prevendo o meu atraso
E quando fui perguntando
A uma moça por acaso
As horas que ela tinha,
Demonstrando quando vinha
Uma enorme simpatia,
Os ponteiros ela olhou,
Foi então que me informou:
Faltam dez pra meio-dia.

Os seus lábios lentamente
As palavras soletravam,
Diante da minha frente
As sonoras ecoavam
Como flautas encantadas,
Feito liras encarnadas
Decantando poesia,
Essa moça me chocou
No momento que falou:
Faltam dez pra meio-dia.

Eu morro, mas não esqueço
Do boliço dos seus lábios
Me dizendo com apreço
Ao fitar olhares sábios
No relógio cor marrom,
Informado em baixo tom
Sobre o tempo que corria,
Eu ali fiquei parado
E lhe ouvindo concentrado:
Faltam dez pra meio-dia.

Antes de agradecer
Eu flertei os olhos dela,
Pois, eu já podia ver
Uma formosura bela
Com o som de sua fala,
Da qual mesmo quando cala
Sua voz não silencia,
Repetindo em minha mente
Sua voz constantemente:
Faltam dez pra meio-dia.

Fui seguindo meu caminho
Com ela no pensamento,
Quando às vezes tô sozinho
Fecho os olhos um momento
Recordando seu semblante
E a sua voz delirante
Parecendo em melodia,
Como se eu tivesse vendo
Ela linda me dizendo:
Faltam dez pra meio-dia.

Depois fiquei desejando
Ouvir sua voz de novo,
Na rua fui procurando
Chorei no meio do povo,
Mas, não a reencontrei.
Também nunca perguntei
Sobre as horas que batia,
Como o tempo diluísse
Desde quando ela me disse:
Faltam dez pra meio-dia.

Kerlle de Magalhães

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