quarta-feira, 16 de março de 2011

Poetisa Adriane Freire

Matuto conquistador
 
Há quem fale que matuto
É cabra esperto e amigo,
Pois eu tenho cá comigo
Que além de muito astuto
Tem coisa até de magia
Pois lhe digo que outro dia
Vi um senhor meio enxuto
Que tentava a todo custo
Conquistar uma Maria
Quando avistei a peleja
Ele querendo, ela correndo,
E já quase escurecendo
Naquele beija e num beija
De repente o tal matuto
Desandou a pinotar
Maria achou um insulto
Pôs-se logo a esculhambar
E o véio com aquela dança
Eu pensei: é catimbó
Parecia pajelança
O veio lá num pé só
Continuava a festança
Pois num é que a Maria
Num sei como aconteceu
Nessa hora já sorria
Já até admitia
Um cheiro que o veio deu
Quando vi, lá tava os dois,
Num agarradi danado
Só pensando no depois
Logo mais no reservado
O fato é que esse matuto
Dançarino ou macumbeiro
Por dentro de dez minutos
Que seja dito primeiro
Conseguiu, nem se esforçou,
Conquistar sua Maria
Que todo mundo queria
Mas só o matuto levou.

Arcoverde-PE

Um comentário:

  1. No vagão da saudade eu tenho ido
    Ver a casa onde antes nasci nela
    Uma lata de flores na janela
    A parede de taipa, o chão varrido
    Milho mole esperando ser moído
    Numa máquina do veio enferrujado
    Que apesar da preguiça e do enfado
    Mãe botava de pouco e eu moía
    Vou no trem da saudade todo dia
    Visitar o lugar que fui criado.


    ( João Paraibano )

    gosto muito de poesia, principalmente aquela de sentido simples, rústico mas tão lindas que fica difil não termos nostalgia quando lemos.

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