AS QUATRO VELAS
Quatro velas ardiam sobre a mesa,
E falavam da vida e tudo o mais.
A primeira, tristonha: “Eu sou a PAZ,
Mas o mundo não quer me ver acesa…”
A segunda, em soluços desiguais:
“Sou a FÉ! Mas é triste a minha empresa:
Nem de Deus se respeita a Realeza…
Sou supérflua, meu fogo se desfaz…”
A terceira sussurra, já sem cor:
“Estou triste também, eu sou o AMOR…
Mas perdi o fulgor como vocês…”
Foi a vez da ESPERANÇA – a quarta vela:
“Não desiste ninguém! A Vida é bela!
E acendeu novamente as outras três!
Dedé Monteiro
Tabira, 12/02/2009
OS QUATRO BÊBADOS
Quatro bêbados bebiam numa mesa,
E falavam da vida e tudo em fim.
O primeiro dizia: “Eu bebo assim,
Pra poder afogar minha tristeza”…
O segundo, engolindo uma de gim,
Diz: “a cana é quem faz minha defesa…
Se não fosse a bebida, essa beleza,
Minha vida seria muito ruim!
O terceiro, morrendo de ressaca,
Diz: eu sinto a matéria muito fraca,
Vou parar de beber essa semana!
Grita o outro: “não faça essa desgraça,
Mande abrir mais um litro de cachaça
Que é pra gente morrer bebendo cana!
Gonga Monteiro
Tabira, 18/02/2011
AS QUATRO PUTAS
Quatro putas falavam em um bar
Sobre a vida que era muito dura...
A primeira, cheinha de frescura,
Diz assim: “Eu vou me aposentar!
A segunda, morrendo de chorar,
Diz pra outra: “Ninguém mais me segura,
Tô com um metro e cinquenta de altura
E a balança acabou de se quebrar.
A terceira, já com sessenta anos,
Disse as outras: “Restaram desenganos,
Ninguém mais quer três velhas prostitutas...
Veio a quarta, a que era cafetona,
E, lembrando dos tempos bons de zona,
Deu coragem de novo às outras putas.
Felipe Júnior
Recife, 03 de março de 2011
OS QUATRO CORNOS
Quatro cornos sentados numa praça
Lamentavam por ter desilusões.
O primeiro lembrando as traições:
- Eu me vingo das pontas na cachaça.
O segundo chorava da desgraça
E dizia: não perco as ilusões.
Se a mulher preferiu ter Ricardões
Isso é fase, mas sei que logo passa.
O terceiro chifrudo, o mais matreiro:
O que importa é a mulher trazer dinheiro
Pra o que falam de mim, nunca liguei.
Já o quarto cornão, foi taxativo:
- Quando a minha me trai sou vingativo.
Eu arranjo outro bofe e vou ser gay.
Ismael Gaião - Condado/PE
OS QUATRO POETAS
O primeiro poeta com as velas
Deu um show de poesia com certeza
O segundo num bar ouve na mesa
Depois narra dos bêbados as sequelas
Outro escuta das putas as mazelas
Comentar sobre os ossos do oficio
E escutando dos cornos o suplício
Chega outro e relata tais procelas
Como é dura a vida dos poetas
No afã de cumprirem suas metas
Desmanchando-se em versos, quem diria
Juntam: bêbados, cornos, velas, putas
Em estrofes bem simples, mas astutas
Transformaram isso tudo em poesia
Carlos Aires
Carpina/PE, 05/03/2011
Ótimo, meus parabéns aos poetas pela sua inventividade.
ResponderExcluirUm dia quero chegar a esse nível
ResponderExcluirMuito bom. Muita saudade desse Pernambuco.
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