Sou a parte que não sei
Sou o surreal da arte
Sou a parte a qual faltei
Sou a parte em toda parte
Que se parte em pedacinhos
Sou vários pequenininhos
Sou até o que sobrou
E o que digo andando a esmo?
Se o que vejo de mim mesmo
É tal parte que não sou.
Kerlle de Magalhães
Kerlle, caro amigo, lendo esse seu poema lembrei de um soneto que fiz:
ResponderExcluirCom o peito ferido de saudade
Dividi minha dor com a solidão,
E o pecado durante a divisão
Foi de mim ter perdido uma metade.
Hoje busco, mendigo a caridade
De um alguém que me faça a doação,
Pois se o afago é dado ao coração,
Só quem dá é quem ganha de verdade.
São meus passos que formam meu caminho
Mas meus rastros me mostram: "estou sozinho!"
E tal busca parece não ter fim.
De repente, a certeza me invade:
Sou inteiro, pois sou outra metade
Da metade do outro que há em mim.
(Júnior Guedes)