Com algumas deixas de Manoel Clemente, poeta de Arcoverde-PE, glosadas um pouco antes do natal de 2008.
Mané Clemente:
Quem nasceu com liberdade
Vive como passarinho.
Kerlle de Magalhães:
Quando ouço de algum ninho
Uns piados... me comovo
Eu sinto pela sonora
Cantar um filhote novo
Dando inicio à liberdade
Nas cascas frescas do ovo.
Mané Clemente:
E fico nos abraços dela
Quando a noite vem surgindo.
Kerlle de Magalhães:
Quando eu a vejo sorrindo
Eu desperto e aumento o facho
Com o brilho dos seus olhos
Fico com cara de tacho
Porque linda desse jeito
Noutro canto eu não acho.
Mané Clemente:
O Natal já se passou
Mas nada eu vi mudando.
Kerlle de Magalhães:
Ano Novo vem chegando
Pois é nisso que se aposta
Passa ano, entra ano
Ano Novo é pra que gosta
Que pra muitos Novo Ano
Continua a mesma bosta.
Mané Clemente:
Um fedor de suvaqueira
Eu cuspo, engúio e corro.
Kerlle de Magalhães:
Pois nojento é o cachorro
Que tem a virilha roxa
Morde o ovo, cheira bosta
Tem ferida inté na coxa
Bebe cuspe de catarro
Cheira o fundo e lambe a troxa.
Mané Clemente:
Namorando uma morena
Que mora lá em Tabira.
Kerlle de Magalhães:
Eu pensei em ser mentira
Numa noite como aquela
Sem nenhuma intenção
Conversando e ouvindo ela
E depois daquele bote
Eu ganhando um beijo dela.
Mané Clemente:
Como foi sua chegada
Lá na casa de Luiz?
Kerlle de Magalhães:
Na casa de Seu Luiz
Fui muito bem recebido
A janta foi muito boa
Mas eu não tenho dormido
Com aquelas muriçocas
Zunindo no pé d’ouvido.
Mané Clemente:
Na feição duma mulher
De tristeza obscura.
Kerlle de Magalhães:
Me dava tanta gastura
Ver um cabra como aquele
E a moça se insinuando
Querendo sair com ele
Ele pela safadeza
E ela pelo tostão dele.
Mané Clemente:
Vou sair pro fim do mundo
Neste sonho eu me atino.
Kerlle de Magalhães:
A velhice é meu destino
Usando uma dentadura
Óculos de um forte grau
Com os rins sem ter mais cura
Com uma bolsa de mijo
Pendurada na cintura.
Mané Clemente:
Na ciência do amor
Pra falar eu me encuco.
Kerlle de Magalhães:
Eu pareço ser maluco
Por falar de romantismo
Mas a culpa é toda dele
Por fazer do meu sofismo
Relicários amorosos
Na senda do meu lirismo.
Mané Clemente:
O tamanho da cachaça
Tem o mesmo do sofrer.
Kerlle de Magalhães:
Eu gostava de beber
Cachaça com rapadura
Agora não bebo mais
Porque tive lição dura
Fugindo da solidão
Na noite triste obscura.
Mané Clemente:
Me tornar o presidente
No meu tempo de menino.
Kerlle de Magalhães:
Acredito no destino
Mas às vezes se altera
Dependendo de quem faz
Porém não de quem espera
Tem coisas que não são fáceis
Ô se fosse, ai quem dera!
Mané Clemente:
Já tive muita saudade
Daqui desse meu recinto.
Kerlle de Magalhães:
Pois não sei por que eu sinto
A vontade de chorar
Pra falar sobre saudade
Meu verso chega a travar
É porque as da que sinto
É difícil de explicar.
O poeta Manoel Clemente, desprovido de beleza física, querendo se exibir fez a seguinte sextilha:
Meu amigo camarada
Eu já sou muito gatinho
As meninas falam disso
Pois, você fique espertinho
Elas vão atrás de mim
E você fica sozinho.
Aí mandei esta:
Saudade, amor e carinho
Esses três eu nunca sinto
Nas telas do firmamento
Nos meus versos nunca pinto
E é assim que eu vejo agora
Você mente, também minto.
Entrei por acaso...fiquei, gostei muito,bjs
ResponderExcluirAdriana
oh prosa boa danada!!
ResponderExcluirlugar que dá vontade de ficar
Parabéns
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